Eventos Acadêmicos de Turismo

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Palestra sobre Patrimônio, Tuirimo e Associativismo

No dia 4 de outubro, nessa segunda acontecerá a palestra:

" O papel do associativismo no âmbito da valorização turística do patrimônio em prol da sociedade: o caso da ONG HERA"


A palestra é oferecida pelo Núcleo de Turismo da UFS aos seus alunos.

Palestrante: Prof. Fábio Carbonne da Universidade Lusófona do Porto

Local: Auditório da DID 5, ou seja, levem roupa de frio!!! rs

Horário: 16:30 do dia 4/10/2010



Não vamos perder!!!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Palestra com o Consultor do Student Travel Bureau (STB)

Esse foi o e-mail enviado para os alunos do curso de Turismo pelo coordenador do NTU:

Caros alunos,

Convidamos todos os alunos a participar da Palestra com o Consultor do Student Travel Bureau (STB) que será realizada nos dias 29/09 e 30/09 das 15h às 17h no auditório de Colégio de Aplicação da UFS.

Para melhor acomodação nesta sala, dividimos os alunos em dois grupos:

DIA 29/09: assistirão à palestra os alunos do 4° e 6° períodos.
DIA 30/09: assistirão à palestra os alunos do 2° e 8°
Nestes horários, será dada a frequência das aulas apenas aos alunos que comparecerem a palestra.

Tema da palestra:

Tema: Carreira e Futuro Profissional – qual caminho seguir?

Na primeira parte serão abordados 3 temas:

Quais os seus planos para sua futura carreira? O que o mercado está dizendo? Onde você gostaria de se preparar?

Fazer com que reflitam sobre seus planos futuros. Como definir o que pretendem fazer, como fazer, onde fazer e quando fazer.

O que o mercado exige hoje de um candidato. Não é apenas conhecimento, tem muito mais.

Quais as “negativas” apresentadas pelos recém graduados e pelas corporações quando o tema é o primeiro emprego.

Onde se preparar também é importante porque os alunos têm inúmeras possibilidades.

Quais as vantagens da boa preparação?

Como decidir sobre estudos de Pós, MBA e especialização?

Na segunda parte, vem o “E Agora?”

Como fazer seu tempo na universidade render mais para sua carreira. Como tirar mais proveito desse tempo.

Quais as opções que tenho durante meus estudos e, se estou terminando, após meus estudos, para satisfazer as exigências do mercado?

Ao final, além das conclusões, aberto para perguntas.

Att.
Prof. Luís Henrique
 

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Convocação aos alunos de Turismo da UFS

Prezados colegas,

Venho, por meio desta postagem, comunicar a todos que estão abertas as inscrições para a participação, como hospedeiro, no Programa Cama e Café para hospedar os participastes do Seminário de Turismo e Geografia....

O Programa de Cama e Café do Seminário de Turismo e Geografia tem como objetivo disponibilizar hospedagem de baixo custo, mas com qualidade, para os participantes que não são do Estado.

Os benefícios para os que hospedam são: o contato com pessoas de Estados diferentes do nosso, com quem podemos trocar experiências; e uma renda extra...

Os interessados enviar e-mail para: pinhorafaelly@gmail.com

Pra maiores esclarecimentos, também estou a disposição através do mesmo endereço eletrônico.

Mesa Redonda - 1º de outubro de 2010

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

NÚCLEO DE TURISMO

LABORATÓRIO DE PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS

EVENTO: Mesa Redonda

TÍTULO: O Turismólogo e o Mercado de Trabalho: Perspectivas e Casos de Sucesso.

DATA: 01/10/2010

LOCAL: Auditório da Didática V

HORÁRIO: 14 h 30 minutos

PALESTRANTES:

- Melissa Warwick (Coordenadora de Turismo – SEDETEC/SE)

- Luciano Figueiredo (PRODETUR Nacional em Sergipe)

- Leylane Meneses Martins (Celi Praia Hotel)

- Patrícia Euzébio (Perfil Produções)

- Leila Fonseca (Noar Linhas Aéreas)

- Lillian Mesquita (IFS)

INVESTIMENTO: seu tempo!!! Ou seja, o evento é gratuito

ORGANIZAÇÃO: Alunos do 4º Período do Curso de Turismo

APOIO: Laboratório de Eventos



sábado, 11 de setembro de 2010

Trilhas ecológicas interpretativas

Ariadne Peres do Espirito Santo

A Interpretação Ambiental se fundamenta na captação e tradução das informações do Meio Ambiente. Contudo, não lida apenas com a obtenção de informações, mas com significados, buscando firmar conhecimentos e despertar para novos, exercitar valores cognitivos, criar perspectivas, suscitar questionamentos, despertar para novas perspectivas, fomentando a participação da comunidade e trabalhando a percepção, a curiosidade e a criatividade humana.

Como instrumento da Educação Ambiental visa a integração socio-ambiental através do conhecimento dos recursos naturais e da valorização do meio ambiente, da transformação do ser humano em agente transformador e multiplicador das concepções

obtidas e absorvidas e da melhoria da qualidade de vida.

Segundo Sofia Vilarigues, um dos meios divulgados na interpretação ambiental é o dos percursos interpretativos. Estes podem ser temáticos, com a predefinição de um tema antes da caminhada, ou de descoberta, ou turí sticos e de lazer.

As trilhas ecológicas interpretativas se enquadram dentro dos percursos interpretativos orientados metodologicamente e, não devem ser confundidas como meras picadas abertas na mata.

Trilhas, como meio de interpretação ambiental, visam não somente a transmissão de conhecimentos, mas também propiciam atividades que revelam os significados e as caracterí sticas do ambiente por meio do uso dos elementos originais, por experiência direta e por meios ilustrativos, sendo assim instrumento básico de programas de educação ao ar livre (Pádua & Tabanez, 1997)(Tilden 1967, Ashbaugh & Kordish 1971 apud Possas, 1999).

Assim, as trilhas constituem um instrumento pedagógico importante, por permitir que em áreas naturais sejam criadas verdadeiras salas de aula ao ar livre e verdadeiros laboratórios vivos, suscitando o interesse, a curiosidade e a descoberta e possibilitando

formas diferenciadas do aprendizado tradicional.

São em geral estruturadas em Parques Urbanos e Unidades de Conservação abertas a visitação publica. Seus grupos-alvos podem constituir de crianças a adultos no âmbito urbano e rural, nas escolas e Universidades, enfim, em qualquer segmento da sociedade.

As trilhas possibilitam uma grande diversidade de eixos temáticos e abordagens ecológicas tanto com finalidades acadêmicas (no ensino fundamental, médio e superior bem como em atividades de pesquisa e investigação cientí fica); com finalidades de fornecer conhecimento e esclarecimento lúdico a comunidade em geral.

A interpretação nas trilhas pode incluir: atividades dinâmicas e participativas, em que o público recebe informações sobre, por exemplo, recursos naturais, exploração racional, conservação e preservação, aspectos culturais, históricos, econômicos, arqueológicos etc (Tabanez et al., 1997 apud Tabanez & Pádua, 1997 ).

As vantagens das trilhas se residem no ônus relativamente baixo para sua estruturação, o que é providencial em um país como o Brasil, onde há uma alta diversidade biológica e uma grande escassez de recursos; constituem um instrumento pedagógico prático e dinâmico, proporcionando uma aproximação à realidade dos temas abordados; suscitam uma dinâmica de observação, de reflexão e de sensibilização; proporcionam uma diversificação de atividades e também um comportamento a ser adotado. Seu inconveniente é que exigem manutenção e fiscalização permanente, principalmente em áreas onde há ocupação urbana nas adjacências.

Como estruturar uma trilha?

Em primeiro lugar, devem ser feitas excursões ou visitas de reconhecimento de área aos locais pretendidos, quantas vezes forem necessárias, objetivando uma observação panorâmica dos locais quanto a acessibilidade e viabilidade dos mesmos, quanto à aberturas de trilhas ou utilização de caminhos já semi-abertos; o levantamento preliminar de possí veis temáticas e o contato com o conhecimento tradicional local ou dos arredores.

Em uma etapa posterior segue a definição da linha de atuação: acadêmica e/ou social, a elaboração de um plano de ação (diretrizes) ou projeto. Do ponto de vista teórico e prático, começa o levantamento dos recursos para subsí dio dos eixos temáticos: flora, fauna, estudo do solo, recursos hí dricos (se houveram coleções de água nas adjacências), problemática ambiental etc.

A escolha do grupo-alvo deve obedecer critérios diferentes quanto a estruturação da trilha. Atividades, infra-estrutura fí sica, eixos temáticos, linguagem, material de apoio, recursos humanos, etc. devem estar de acordo com a faixa etária ou com o ní vel de escolaridade do grupo-alvo.

A criação da infra-estrutura fí sica inicia com a abertura e/ou limpeza da trilha, delimitação do percurso-extensão, da largura da trilha. Os elementos originais como árvores caí das (troncos) podem ser utilizados para a fabricação das placas (informativas, indicativas ou de sinalização e educativas) que serão colocadas ao longo do percurso bem como na fabricação de pequenos bancos ou lixeiras.

Dentro do plano de atividades são elaborados três cronogramas: um para o trabalho de campo, um para as visitas às trilhas e outro para sua manutenção. É necessária a formação de recursos humanos através do treinamento de guias ou monitores que orientam o grupo-alvo nas visitas as trilhas; e de estagiários e bolsistas nas atividades de pesquisa e levantamento dos recursos.

As visitas às trilhas são alicerçadas com pré-palestras conceituais em que também são fornecidas orientações gerais para a caminhada nas trilhas. Há necessidade de elaborar material de apoio e este deve ser informativo, suscitar reflexão e questionamentos e ter a finalidade de subsidiar monitores, guias, professores, estudantes e a comunidade como um todo nas visitas às trilhas. Em geral possuem várias opções de atividades e temas para reflexão, objetivando estimular o grupo-alvo à experimentação direta e observação.

Constituem este tipo de material, roteiros, formulários de acompanhamento de aulas práticas, relatórios, cartilhas, manuais, panfletos ou folders explicativos.

Assim, as trilhas são guiadas e durante o percurso o monitor interpreta o ambiente utilizando as placas e o material de apoio. Estimulando sempre a participação do grupoalvo e despertando o interesse do mesmo. O grupo deixa de ser passivo para ser ativo “descobridor” do meio natural (Pádua & Tabanez, 1997).

As trilhas devem ser avaliadas quanto a sua eficácia em um processo contí nuo e diversificado, pois a avaliação permite alterações e potencia novas práticas. Tudo tem que ser avaliado, inclusive a mudança de comportamento no grupo-alvo. Podem ser usados como instrumento questionários pré e pós-visita com perguntas subjetivas e/ou objetivas (Pádua, 1997) e diários de visitação, dentre outros.

Assim, espera-se prover laboratórios naturais com fins educativos e como área de interesse para desenvolver pesquisas básicas e aplicadas; e desenvolver na comunidade um conhecimento básico sobre formas de preservação e conservação do meio ambiente, aprendendo a regular o próprio comportamento em função da proteção da natureza.

Bibliografia consultada

PADUA, S.M. 1997. Cerrado Casa Nossa: um projeto de educação ambiental do jardim

botânico de Brasí lia. Brasília. UNICEF. 35pp.

PERES-ESPIRITO SANTO, A; GON ÇALVES, T. V. O; FERRARI, M. A L.; ALMEIDA, L. F.; ZORRO

M. C. 2001. A Interpretação Ambiental através de Trilhas Ecológicas e do estudo

Ecológico dos Lagos Água Preta e Bolonha no Parque Ambiental de Belém. Projeto de

Ensino, Pesquisa e Extensão (em implantação).

POSSAS, I. M. 1999. Programa GUNMA􀂴: Integrando Parque Ecológico e Comunidade no

municí pio de Santa Bárbara do Pará. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do

Pará. 73pp.

TABANEZ, M. F. & PADUA, S.M. (orgs.) 1997. Educação Ambiental: caminhos trilhados no

Brasil. Instituto de Pesquisas Ecol ógicas - IP Ê. Brasília. 283 pp.

TABANEZ, M. F. & PADUA, S.M. 1997. Uma abordagem participativa para a conservação de áreas

naturais: Educação ambiental na mata atlântica. Anais do Congresso brasileiro de

comunidades de conservação. Curitiba-Paraná. Vol.02.

Interpretação Ambiental. Texto de Sofia Vilarigues (Internet).

Texto de Ariadne Peres do Espirito Santo. Disponível em: http://www.ufpa.br/npadc/gpeea/artigostext/trilhas.pdf

Interpretar o Patrimônio


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Interpretar o Patrimônio 24/1/2004 - Fernanda Severo


A interpretação do patrimônio é uma narrativa que pode-se valer de diversos recursos e suportes para contar a história do local, adensando o significado e a experiência da viagem.


Quem de nós não ouviu encantado as aventuras de alguma personagem real ou fictícia, e sentiu-se transportado pela voz do narrador?

Quantas vezes não nos vimos envolvidos pelas tramas narrativas projetadas nas telas do cinema e da televisão, vivenciando as alegrias, as tristezas, as surpresas e os medos das personagens? Por trás dessas histórias que nos envolvem e fascinam, está a figura do narrador, aquele dentre nós que possui um jeito especial de despertar nossa atenção e interpretar acontecimentos corriqueiros transformando-os em algo memorável.

Esse intérprete, que recria o mundo com suas narrativas, nos oferece valores, significados e sensibilidades que viabilizam e garantem a preservação da nossa identidade cultural.

Viajar e promover a viagem a partir de uma trama que reúna razão e sensibilidade é o desafio proposto pela interpretação do patrimônio a todos nós, narradores anônimos envolvidos com a criação e apresentação de produtos culturais. Como criar e apresentar narrativas interpretativas do patrimônio conferindo visibilidade e voz para a comunidade local, são objeto de ensino dos especialistas que redigiram os textos de “Interpretar o Patrimônio: um exercício do olhar”, organizado por Stela Maris Murta e Celina Albano, publicado em 2002 pela UFMG e Território Brasilis.

A interpretação do patrimônio, como esclarecem as organizadoras da obra, é uma narrativa que pode-se valer de diversos recursos e suportes para contar a história do local, adensando o significado e a experiência da viagem. Os elementos principais da composição dessa história são os lugares de memória e a identidade do lugar, representada pelos hábitos, costumes, histórias e lendas selecionadas coletivamente.

Nessa perspectiva, percebe-se que de maneira exemplar a boa interpretação somente pode ser concebida em parceria com a comunidade. Além desse alinhamento ao saber local, a interpretação do patrimônio caracteriza-se como uma área do conhecimento e da prática que é multidisciplinar por excelência, mantendo-se diretamente associada ao turismo e à preservação do patrimônio. Essa multidisciplinaridade não se limita por aí, porque a interpretação pode valer-se ainda da sociologia, da história, da antropologia, da geografia, do urbanismo e das aptidões criativas e expressivas dos designers, videomakers e atores.

Esse amplo espectro de conhecimentos e sensibilidades agregados para a interpretação qualificada recebeu destaque merecido ao longo da obra organizada por Murta e Albano, e pode ser também comprovada ao atentarmos para a diversidade das formações dos especialistas que assinaram os artigos que a compõem. O universo de idéias oferecido pela coletânea, subdividido em três seções (Princípios e Técnicas da Interpretação; Estratégias da Interpretação para o Turismo e Preservação e Interpretação e Turismo: Estudos de Caso), são um ponto de partida imprescindível para todos os envolvidos com o turismo, especialmente para quem atua no planejamento dos segmentos culturais e
ambientais.

Por ser uma temática relativamente recente em âmbito nacional (última década do século XX), a interpretação do patrimônio possui escassa produção bibliográfica em língua portuguesa, estando a maior parte das obras em espanhol e inglês. Nesse contexto, a reflexão teórica e as práticas interpretativas realizadas no Brasil e no exterior sistematizadas em “Interpretar o Patrimônio – um exercício do olhar” por Maris e Albano demonstram esmero e generosidade de quem orientou o trabalho editorial visando a ampliação dos debates e das ações.

Ao oferecer à Academia e aos técnicos envolvidos com o planejamento turístico a presente seleção de textos, as organizadoras certamente alcançaram os seus objetivos iniciais de colaborar para suprir a lacuna do conhecimento, uma vez que estabeleceram bases sólidas para a ampliação do quadro conceitual e reflexivo e potencializaram a inserção da disciplina de interpretação do patrimônio nos currículos universitários. Para os estudiosos da cultura que buscam maneiras de conferir visibilidade às suas pesquisas, para os estudantes de turismo e comunicação social que pensam um dia em envolver-se com planejamento turístico, criação de produtos culturais ou almejam trabalhar com marketing cultural, essa é uma obra de leitura obrigatória.


MURTA, Stela Maris; ALBANO, Celina.(Org.) Interpretar o Patrimônio: um exercício do olhar. Belo Horizonte: UFMG/Terra Brasilis, 2002.

Texto de Fernanda Severo Disponível em: http://www.etur.com.br/conteudocompleto.asp?idconteudo=2185

Este livro está disponível no acervo da Bicen!!!

domingo, 5 de setembro de 2010

Participação do curso de Turismo no ENTBL-2010-Rio-Niterói

CENTRO HISTÓRICO DE ARACAJU: URBANISMO, IDENTIDADE, USOS, POLÍTICAS URBANAS E TURISMO

Geane Almeida Conceição

Universidade Federal de Sergipe

E-mail: geane_jere@hotmail.com

Gracyanne Moura Brito

Universidade Federal de Sergipe

E-mail: grace_moura90@hotmail.com

Maria Gleciane Rolino dos Santos

Universidade Federal de Sergipe

E-mail: gleiciane.rds@hotmail.com

Rafaelle Camilla dos Santos Pinheiro

Universidade Federal de Sergipe

E-mail: rafaele.16@hotmail.com

Sheila Martins da Paixão

Universidade Federal de Sergipe

E-mail: sheilamartinspaixao@hotmail.com

Resumo

No processo de compreensão sobre as constantes transformações sofridas pela cidade de Aracaju, é importante observar a trajetória do Bairro Centro, que estabelece relação intrínseca com a implantação da cidade e sua formação, que está intimamente ligada ao cenário político-administrativo e econômico do Estado, a fase de crescimento espontâneo e o crescimento acelerado da urbanização. Seguindo a tendência da maioria das grandes cidades, Aracaju implementou uma política de revitalização física e revalorização do patrimônio histórico de seu centro, que propunha uma recuperação de seu uso social e econômico. Tais políticas não alcançaram os objetivos de tornar o centro um ambiente de lazer que aliasse cultura e entretenimento. Assim o presente artigo, com dados e analises resultados de pesquisas bibliográficas e trabalho de campo com visitas na destinação turística do Centro da cidade de Aracaju, tem como objetivo apresentar a formação, usos e desusos dados ao Centro Histórico pelos aracajuanos ao longo do tempo e como essa área pode e já é apropriada pelo turismo.

Palavras-chave: Centro Histórico de Aracaju. Usos e Novos Usos. Revitalização

Abstract

In the process of understanding the constant changes experienced by the city of Aracaju, it is important to note the trend of the downtown city, establishing close relationship with the deployment of the city and its formation, which is closely linked to political-administrative and economic state, the phase of spontaneous growth and accelerated growth of urbanization. Following the trend of most large cities, Aracaju implemented a policy of revitalizing and upgrading the physical heritage of the center, which proposed a recovery of its social and economic development. Such policies have not achieved the goals of making the center an environment of leisure, joining culture and entertainment. So this article, using data and analysis from literature and fieldwork with visits to tourist destination in the center city of Aracaju, aims to present the formation, use and non-use assigned to the Historical Center by the citizens from Aracaju over time and how this area can be or even now make suitable for tourism.

Key-words: Aracaju downtown; uses and non-uses; revitalization

INTRODUÇÃO

O aprofundamento deste artigo se dá na identificação dos usos do Centro da cidade de Aracaju como espaço de lazer desde sua formação e ao longo de seu processo de urbanização, abordando ações que propuseram a sua reutilização.

Os dados aqui expostos advêm de resultado de pesquisas bibliográficas e pesquisa de campo na destinação turística do Centro da cidade de Aracaju. Apresenta-se a história da cidade, delineando acontecimentos que influíram para alterações na malha urbana central, sobretudo, acentuando o surgimento de novos espaços de lazer, e, consequentemente, o aumento e expansão espacial e demográfico da cidade. Ademais, seguindo uma ordem cronológica, apresentamos o centro histórico como espaço de lazer da sociedade aracajuana desde o século XIX até os dias de hoje. Vale ressaltar que a partir do desenvolvimento da pesquisa podemos observar a ausência de políticas e projetos eficientes que reafirmem as características históricas, sociais e culturais, proporcionando entretenimento e lazer tanto à população quanto ao turista.

O objetivo central deste trabalho é apresentar os aspectos históricos e culturais do bairro, bem como identificar seus espaços públicos de lazer e entretenimento e o processo de urbanização pelo qual vem passando desde sua formação.

FRENTE HISTÓRICA E URBANÍSTICA

A construção de Aracaju deu-se de forma a possibilitar a ligação e interação desta com o mundo e de começar outras relações com outros espaços. Aracaju é fruto de um projeto político e, portanto, coube à administração pública da época a tarefa de criar condições básicas para o seu desenvolvimento urbano. O primeiro passo para a implantação da nova capital caracterizou-se pelas medidas de fixação do sistema administrativo seguida da construção do porto e por uma pequena expansão urbanística.

Para transformar tal espaço habitável foi necessário primeiramente, aterros e drenagens para dar lugar às primeiras construções, surgindo assim a projetada Aracaju. A concepção urbanística de Aracaju foi fruto do projeto do engenheiro Sebastião José Basílio Pirro. Esse projeto reunia um plano de quadrículos com trinta e duas quadras com cerca de 110m² cada, não apresentando uma complexidade existente nos projetos de ordenação urbana dos dias atuais (VILAR, 2006).

As primeiras edificações de Aracaju, como sede da então província, deram início após a construção da alfândega, localizado ao extremo oeste da Rua São Cristóvão. As dificuldades sanitárias e físicas não permitiram uma urbanização em seu primeiro ano de ocupação, deixando Aracaju, em 1856, limitada a uma localização paralela ao rio Sergipe, onde o aterro, mas ou menos sólido, facilitava as construções e crescimento da mesma (VILAR, 2006). Tais características são advindas da emergência da construção de uma nova capital que tivesse característica portuária para o escoamento da produção sergipana, assim as primeiras ruas e edificações são construídas ao longo do rio Sergipe, estabelecendo-se uma forte ligação entre os habitantes, o porto e o rio.

Em 1857, os primeiros elementos formadores do centro histórico começam a ser delineado, abrem-se as ruas Aurora (atual Avenida Ivo do Prado), São Cristóvão e a Rua da Conceição (atual Rua João Pessoa), a construção da igreja São Salvador, na esquina da Rua Laranjeiras e a atual João Pessoa, seguindo essas construções é aberto um caminho de ligação entre o quadrado de Pirro e a Colina do Santo Antônio, a atual Avenida João Ribeiro (VILAR, 2006).

No final de sua primeira década a capital, Aracaju crescia em direção ao sul com o prolongamento da Avenida Ivo do Prado, juntamente com a abertura das ruas Maruim e Estância. A partir da construção da Catedral, em 1862, mesmo não existindo drenagem nesse terreno, já era possível perceber um número expressivo de novas construções que se ligavam a Praça da Matriz, notando-se que a então capital já se expandia para o interior, afastando-se da faixa linear compreendida pelo rio Sergipe.

Os problemas de consolidação urbana de Aracaju durante o século XIX e as primeiras décadas do século XX eram de ordem sanitária, enfermidades tropicais, e de infraestrutura básica, como a falta de pavimentação e terraplanagem, que dificultam o crescimento espacial do Centro, que nessa época contava com um comércio interno pouco expressivo, enfraquecido e com poucos estabelecimentos comerciais.

O quadrado de Pirro, elaborado para ser o centro histórico da cidade, o cartão postal da província, em suas primeiras cinco décadas não se apresentava como um centro urbano, dado o fato de que a cidade limitava-se apenas ao Centro, como a maioria das cidades do interior. Assim, a cidade confundia-se com o centro e o centro se confundia com a cidade.

Já no final do século XIX, Aracaju caracterizava-se pelo crescimento fora do plano do quadrado original, tais ações permitiram a ocupação mais densa do Centro da cidade, porém ela ainda possuía aspectos de povoado com pouco mais de 21.000 habitantes (VILAR, 2006).

No início do século XX o governo passou a investir mais na urbanização da capital Aracaju, acelerando o processo de consolidação urbana, dotando-a de infraestrutura como água encanada (1908), bonde a tração animal (1910), energia elétrica (1913), saneamento (1914), construção de escolas, edifícios públicos e lugares de ócio, como o conjunto de praças no centro histórico (VILAR, 2006). Essas ações foram fruto da valorização econômica no mercado internacional do açúcar e do algodão, os principais produtos sergipanos.

Nesse mesmo eixo ou em seus arredores estão localizadas as sedes dos poderes públicos e religiosos, a prefeitura a catedral e os demais órgãos administrativos. Assim, pensando numa maior visibilidade econômica e um crescimento espacial, o Centro foi transformado plenamente. Tais transformações possibilitaram a consolidação e conduziram o Centro a um verdadeiro espaço de síntese da cidade.

Além das obras de saneamento básico, a presença de objetos geográficos terciários, como o Mercado Modelo Antônio Franco (1926) e Mercado auxiliar Thales Ferraz (1949), nos arredores do porto, permitiram a consolidação desse espaço como lugar de consumo, onde existiam residências, casas comerciais e equipamentos públicos e privados de lazer (VILAR, 2006).

De acordo com Passavento,

A população aumentara, as cidades cresceram e colocaram aos governantes toda uma sorte de exigências, desde a reordenação espacial, redesenhando as ambiências, até o cumprimento dos serviços públicos demandados pelo “viver em cidades”. Produtos novos e máquinas desconhecidas atestavam que a ciência aplicada à tecnologia era capaz de tudo ou, pelo menos quase tudo. O valor dominante era o progresso, caro às elites que dele faziam esteio de uma visão de mundo triunfante e otimista (1997, p. 29).

Aracaju e seu Centro Histórico se desenvolvem sendo fruto da e para a expansão econômica da então Província, sendo que o Centro representa a vida e a história dos sergipanos e é o palco de acontecimentos históricos de relevância para o Estado. Assim, tem-se o Centro Histórico como um lugar de grande expressão social e cultural.

Seguindo os passos da maioria das grandes cidades, Aracaju passou, ao longo de sua história, por processos de urbanização, crescimento demográfico e desenvolvimento tecnológico que causaram impactos em sua sociedade, transformando as relações sócio-culturais entre seus habitantes e destes com a cidade. Dentro desse mesmo processo, o Centro de Aracaju passa por mudanças sociais, espaciais e ambientais que determinaram o que esse espaço significa para a população nos dias atuais.

O CENTRO HISTÓRICO COMO ESPAÇO DE LAZER DA SOCIEDADE ARACAJUANA

O Centro de Aracaju como espaço de lazer, contava com ruas, praças e edifícios representativos da cultura e da história dos aracajuanos. Como espaços de lazer, podemos citar, como exemplo, a Rua João Pessoa (antigamente Rua do Barão), uma rua tipicamente aracajuana que detinha as melhores lojas da capital sergipana, o Bar Record, um ponto de encontro das pessoas da classe media e alta de Aracaju que utilizavam os serviços de cafés e gelados e as salas de snooker. Outros pontos de encontro que se encontravam situados nessa mesma rua eram a Sorveteria Primavera, o Bar Triunfo, o Bar Vitória, o Ponto Chique e o Ponto Central, sendo que os dois últimos ofereciam serviço de restaurante (CABRAL, 1948).

Esses elementos que marcavam a identidade do bairro não são mais encontrados, o que evidencia que o uso do Centro não é mais o mesmo e que desde a sua formação, como um espaço de lazer e comércio, não só sofreu um processo de transformação física mais também simbólica, ou seja, o Centro Histórico perdeu seus antigos valores e lhes foram atribuídos outros. Entretanto, algumas atividades ainda permanecem na região central, a exemplo da prostituição, presente na área desde a década de 20. Isso mostra que mesmo com o processo de revitalização no final da década de 90, ainda há a perpetuação de antigos usos (Trabalho de Campo, 2009).

Outro equipamento de lazer muito conhecido no Centro foi Cinema Rio Branco. Este cinema foi um dos mais frequentados e que marcou a vida literária, política e artística de Aracaju, com serviços de cinema, teatro, salas de conferência, de consertos e também local de comício político. Outros bons exemplos podem ser destacados, como, os Cinemas Palace, Aracaju, Vitória, Guarani (Rua Estância), São Francisco (Praça Siqueira de Menezes), Tupi (Rua Vitória), Vera Cruz e Cinema Bomfim, ambos localizados no bairro Siqueira Campos (CABRAL, 1948).

Equipamentos como cinema e teatro, espaços de manifestação artística do povo sergipano, já não mais se concentram no Centro. Ao longo da própria transformação e expansão urbanística da cidade, os antigos equipamentos centrais foram abandonados e/ou destruídos, fato comprovado durante as visitas realizadas no local. Ao passo que outros foram construídos em áreas periféricas, tais como as salas de cinema no Shopping Jardins e no Shopping Riomar, o Teatro Tobias Barreto, o Teatro Atheneu e o Teatro Lourival Batista.

Esses acontecimentos foram decorrentes da necessidade de expansão urbana para atender ao crescimento demográfico e as mudanças sócio-culturais, sendo que a mesma tornou-se violenta e marginalizada, passando a população a migrar para as novas áreas de expansão, e periféricas, dando a essas áreas toda a infraestrutura necessária para moradia, comércio e lazer.

A Praça Fausto Cardoso apresentava um cenário de passeios dominicais à tarde e à noite ao som de música, onde a juventude se encontrava. Já a Praça Tobias Barreto era local de realizações das festividades natalinas, onde as famílias tradicionais aracajuanas se encontravam para estas festividades de final de ano (CABRAL, 1948).

Esses espaços de lazer também ganharam outros usos e foram substituídos por outros espaços, como os shoppings. Ainda como forma de resistência e perpetuação do uso destes espaços com atividades destinadas para o lazer da comunidade, mesmo que precariamente, aos domingos, na Praça Tobias Barreto, realiza-se tradicionalmente a feirinha de artesanato, onde são comercializados: alimentos, artesanatos e shows com atrações locais.

Já na década de 1990, o lançamento da Rua 24 horas, localizada no antigo prédio da Escola Normal, uma réplica da pioneira Rua criada em Curitiba, com o intuito de permanecer aberta durante todo o dia, abrigava lojas de artesanato, bares e restaurantes, cinema, área para eventos e shows, happy hours nas sextas-feiras. Com o encerramento de suas atividades, o prédio continua funcionando como Centro de Turismo e Artes de Sergipe, mas já não é um espaço destinado e utilizado para o lazer dos habitantes, sendo mais freqüentado pelos visitantes, em roteiros na cidade para aquisição de souveniers.

Os calçadões, a exemplo da João Pessoa, dotados de lojas e suas vitrines que chamavam a atenção, eram o palco de passeios e encontros diurnos e noturnos da sociedade aracajuana (MELINS, 2007). Atualmente, como a maioria dos equipamentos da área central de Aracaju, não é mais visto como local de lazer pelos aracajuanos, sendo que estes são mais utilizados como local de comércio.

Nesse contexto pode-se observar que o espaço do centro histórico representava um ambiente de lazer que era intrínseco aos contatos interpessoais. Vários aspectos podem ser percebidos para que haja uma melhor compreensão do centro como espaço de lazer: concentração de equipamentos de entretenimento, modismo do período, nos quais os centros históricos eram valorizados, os costumes que exaltavam as relações sociais entre os indivíduos. Dessa forma, esses espaços eram muito utilizados, consumidos e bem vistos, no entanto, hoje eles se apresentam com um novo conceito perante a sociedade, é marginalizado e perdeu seu caráter familiar.

APROPRIAÇÃO DO SOLO E SUAS FORMAS DE USO

A contemporaneidade trouxe benefícios, mas desequilibrou os espaços públicos, fazendo com que as ruas e calçadas perdessem a característica de um espaço de divertimento, novas centralidades começam a se alastrar com maior predominância pelo mundo a partir do século XX, processos estes causados pela urbanização e capitalismo.

A cidade nos dias atuais cada vez mais se configura como cenário de propagandas e publicidade. As ruas do centro estão perdendo identidade própria e tudo parece fazer parte de um grande conjunto massificado de comunicação em detrimento da imagem que passa a não ter compromisso com a história. O consumo homogeneíza os contextos sociais e culturais e provoca a perda dos referenciais peculiares da cidade, deixando-a sem identidade própria. Minami (1998, p. 129) afirma que:

Muito em breve, todas as cidades se parecerão! Terão a mesma cara das Lojas Cem, Pernambucanas, Ponto Frio e não será preciso conhecer mais nenhuma delas. Estar numa delas será um pouco como estar em qualquer uma delas, ou ainda, estar em nenhum lugar.

Essa descaracterização dos centros urbanos pode ser observada no Centro Histórico de Aracaju que, além de enfrentar a desvalorização imobiliária e o seu esvaziamento, está sujeito a atos de vandalismo decorrente de ações que modificam e/ou destroem as suas características físicas e simbólicas devido ao capitalismo e a necessidade da propagação de consumo de produtos e serviços globais.

O Centro era local expressivo em razão da sua inovação e representação simbólica, por servir de ponto de interação para diversos fins constituindo-se como exemplo mais representativo da vida urbana (SILVEIRA, 2005), pela presença significativa de funções e usos diversos, entre eles o administrativo, financeiro, religioso, judiciário, comercial e de lazer.

No entanto este espaço foi transformado em um ponto da capital, que contava com uma grande diversidade e concentração de comércios e serviços, um espaço dotado de infraestrutura e equipamentos urbanos, onde os aracajuanos de toda parte da cidade circulavam, tornando-se um espaço supervalorizado.

Porém, a partir da migração das camadas de classe alta ou média para a periferia, em decorrência do desenvolvimento espacial das cidades e as formações de subcentros servidos de infraestrutura, as áreas centrais urbanas passam por um processo de desvalorização do solo e de atribuição de novos usos e funções ao Centro. Esse processo de descentralização e desvalorização contribuiu para o esvaziamento dos centros das cidades e consequentemente a sua deteriorização. Ao mesmo tempo em que a cidade dá aos seus espaços centrais uma nova distribuição de funções e ocupações, podemos observar um deslocamento dos serviços e da população, alavancando um processo de deteriorização e/ou degradação, pois investimentos públicos e privados voltam-se para os subcentros com a finalidade de satisfazer interesses dos detentores do poder e do setor imobiliário (SILVEIRA, 2005).

No processo de desenvolvimento urbano de Aracaju, como na maioria das cidades, desencadeia a formação de centros periféricos dotados de infraestrutura, equipamentos urbanos, moradia, entre outros. Estes centros periféricos, chamados de subcentros, recebem investimentos do governo para se desenvolver em termos de estrutura urbana, passando a ser mais atrativo em termos de implantação de equipamentos de lazer, como os shoppings e empreendimentos imobiliários. Assim, estes novos espaços são valorizados sócio e economicamente, enquanto as antigas áreas centrais tornam-se solos desvalorizados e consequentemente “vazios”. Sobre esse processo:

A desvalorização faz surgir subcentros comerciais, fato que contribuiu para o esvaziamento dos Centros e a sua conseqüente deterioração, uma vez que os investimentos passaram a ser direcionados para esse novo aglomerado econômico, onde as classes de alta renda começam a investir seus rendimentos financeiros, fazer suas compras e se divertir (SILVEIRA, 2004, p. 224).

Um dos grandes entraves que esse processo de descentralização e esvaziamento dos centros provoca é a baixa ocupação residencial desses espaços e o consequente desperdício de infraestrutura existentes nos centros, tornando-os espaços subutilizados.

A subutilização dos espaços centrais podem ser evidenciados pelo número expressivo de unidades imobiliárias com espaços desativados, baixo índice de população residente, muitos espaços comerciais que utilizam os prédios durante o dia e a noite são fechados, assim os centros das cidades tornam-se espaços “vazios” durante à noite e nos finais de semana, possuindo dois caráteres, um comercial com grande circulação de pessoas durante o dia, e um espaço “sem vida” à noite, servindo de palco para a prostituição, moradia de mendigos e local de violência urbana (SILVEIRA, 2005).

Diante da situação atual em que se encontram os centros históricos das cidades são elaboradas políticas de ordenação urbana que visam o melhor aproveitamento e utilização dos equipamentos públicos e de infraestrutura das áreas centrais, entre estas políticas de urbanização a gentrification, pode ser abordada.

O termo gentrification designa formas para que empreendimentos econômicos elejam certos espaços da cidade como centralidade e os transformam em áreas de investimento públicos e privados. Esse termo começou a ser usado nos EUA na década de 60, como um modelo de intervenção urbana onde as principais características de reabilitação residencial de certos bairros centrais das cidades. Na atualidade, o termo gentrification refere-se à reabilitação de cenários antigos bem como engloba construções totalmente novas (LEITE, 2004).

Os centros históricos que passam pelo processo de gentrification são objetos de políticas urbanas e culturais que buscam recuperar seu patrimônio cultural para torná-lo possível de reapropriação por parte da população e do capital. No Brasil, um exemplo é o de Cuiabá, no Mato Grosso, que teve seu Centro Histórico gentrificado.

Não diferentemente em Aracaju, o centro tem tentado efetivar a revalorização do patrimônio histórico aliada à revitalização da infraestrutura urbana, de forma que possa garantir novos usos recorrendo aos seus aspectos culturais como forma de reativação da economia local.

Nessa tentativa inválida de resgate da cultura local, os centros urbanos desenvolvem novos usos, novas percepções sobre o espaço urbano, pois surgiram novos paradigmas de consumo e, conseqüentemente, de uso. Esses fatores modificam o imaginário urbano, as relações sociais edificam a cidade, a interação entre as pessoas é que possibilita a diversidade de significados que compõem o cenário urbano e dessa forma foram descaracterizados os antigos aspectos urbanísticos que se mantinham como espaços de lazer, entretenimento, para um cenário de consumo: modernização versus patrimônio (LEITE, 2004).

Sobre isso Ferrara (1988, p. 03) afirma que,

a percepção urbana é uma prática cultural que concretiza certas compreensões da cidade e se apóia, de um lado, no uso urbano e, de outro, na imagem física da cidade, da praça, do quarteirão, da rua, entendidos como fragmentos habituais da cidade.

Atualmente, mesmo contando com uma infraestrutura e equipamentos de lazer públicos, o Centro não é expressivamente consumido como espaço de lazer pelos aracajuanos, tornando-se um espaço subutilizado. Esse fato pode ser explicado por diversos fatores, entre eles o próprio desenvolvimento urbano da cidade, a formação de subcentros, a desvalorização dos solos e a formação de outros espaços de lazer.

No âmbito do uso turístico do Centro Histórico, esse também sofreu alterações, antigamente era utilizado como local de lazer dos aracajuanos e de seus visitantes, os primeiros hotéis da cidade e também os mais requintados se concentravam no Centro, entre esses o Hotel Central (próximo a praça Fausto Cardoso), Rubina Hotel (praça Fausto Cardoso), Hotel Marozzi (rua João Pessoa), Hotel Sul Americano (Ivo do Prado com a praça Fausto Cardoso) (MELINS, 2007).

Devido à necessidade de expansão urbana da cidade, outras áreas surgiram e serviram de local para o turismo entre essas o conjunto Atalaia que conta com a Orla de Atalaia, um equipamento de lazer que é um atrativo turístico da cidade de Aracaju, mas o Centro não perdeu a sua importância quanto ao seu potencial e uso para a expansão da atividade turística no Estado, porém quanto a concentração de hotéis é possível notar que estes agora se concentram em um novo subcentro urbano, na Atalaia.

Nos roteiros turísticos da cidade de Aracaju, o Centro Histórico está incluído como um atrativo turístico. De fato os turistas que vem a Aracaju visitam o Centro, a fim de realizar compras nos mercados. Assim fica evidente a importância do Centro Histórico para a atividade turística do estado de Sergipe e seu papel na economia do turismo sergipano.

Atualmente, o Centro possui poucos espaços destinados ao lazer mesmo com uma infraestrutura consolidada com diversos atrativos, não só comerciais, como arquitetônicos e eventos turísticos. Podemos destacar o uso do espaço entre os mercados Albano Franco e Thales Ferraz, onde se realiza o projeto Rua da Cultura. Nessa área entre os mercados são realizados, eventos públicos e privados, como exemplo o Forró Caju, considerado o maior evento dos festejos juninos do Estado e um dos maiores da região Nordeste.

A Rua da Cultura é um projeto realizado a seis anos pela Cia. de teatro Stultifera Navis que tem como objetivo potencializar e dar visibilidade à produção artística local. Consiste num ponto de encontro cultural, onde músicos e bandas locais, iniciantes ou não, se apresentam de graça, em meio a uma feirinha de artesanato e eventuais exposições de artistas plásticos, apresentações de folclore e dança.

Este projeto tem como objetivo valorizar a cultura e os espaços de lazer no Centro da capital, possibilitando o lazer para a população local, turistas e visitantes. Porém vale ressaltar que o Projeto ainda não está incluído em roteiros noturnos que, como outros atrativos e equipamentos do local, ainda passa despercebido pelas empresas de receptivo aracajuanas.

O Centro já é um espaço urbano apropriado pela atividade turística, mas este possui um aglomerado de atrativos que podem ser mais trabalhados e desenvolvidos para firmar ainda mais o seu uso social e econômico. Assim, fazem-se necessárias políticas de revitalização que resgatem os valores físicos e simbólicos do Centro, iniciando um sentimento de pertencimento na população e consequentemente um elo entre o cidadão aracajuano e seu Centro Histórico, ou seja, a identidade.

PRODETUR-SE: REVITALIZAÇÃO DO CENTRO HISTÓRICO DE ARACAJU

Os princípios de revitalização dos centros urbanos surgiram como resposta às ações de renovação urbana, que predominaram durante as décadas de 30 e 70 com o urbanismo moderno, cujo este defendia a destruição das áreas e dos edifícios habitados pela população marginalizada, sendo que posteriormente estes reconstruídos para novos usos comerciais e de serviços. Assim, o objetivo do projeto de revitalização do Centro Histórico de Aracaju, na década de 1990, era acabar com o empobrecimento que marcava a área dos antigos mercados, sendo rodeados por barracas sujas, mendigos e usuários de drogas.

No âmbito social, Lima (2004) afirma que o processo de ‘empobrecimento’ sofrido pela área central de Aracaju teve no Mercado uma das facetas mais reveladoras. A presença de atores sociais marginalizados, como prostitutas, meninos ‘trombadinhas’ e ‘cheira-colas’, mendigos, entre outros, somados ao crescimento desenfreado do comercio informal, principalmente ao ocupar ruas e logradouros próximos, transformando-os indistintamente numa feira complexa e super adensada, tiveram influência decisiva no re-ordenamento sócio-espacial do Mercado Municipal.

A partir daí começaram as ações para a revitalização do Mercado Modelo Antônio Franco e do Auxiliar Thales Ferraz e posteriormente à revitalização foi construído o Mercado Albano Franco, a construção de um novo mercado foi uma estratégia de redistribuição e reorganização espacial do comercio, assim nos antigos mercados ficaram concentrados apenas os produtos locais, como artesanatos e comidas típicas e o novo foi utilizado para a comercialização de produtos básicos e alimentícios, o custo das ações de revitalização dos dois mercados totalizou US$ 2.174.754,76 (LIMA, 2009).

Outro espaço a ser revitalizado foi o núcleo da cidade, que engloba as praças, parques e calçadões, com o objetivo de “reinventar” o seu valor histórico. Essa ação foi realizada pela Prefeitura Municipal, na gestão do então prefeito João Augusto Gama, para a recuperação dos espaços urbanos centrais, as ações foram a ampliação das calçadas e da rede de microdrenagem numa área de 40.000 m², reforma balaustrada no Rio Sergipe, iluminação pública, imobiliária, urbana e arborização, com custo de US$ 2.196.640,46 (LIMA, 2009).

Tais projetos foram financiados com verbas do PRODETUR/NE e do Governo do Estado viabilizando potenciar turisticamente o Centro histórico, restaurando e preservando os bens arquitetônicos, resgatando a identidade dos antigos habitantes, melhorando a qualidade ambiental e viabilizando novos usos noturnos.

Seguindo os pressupostos da revitalização urbana dos centros é preciso envolver todos os interessados nesse projeto, desde o governo municipal a população local, o que geralmente não acontece, pois é o poder publico local que gera todo o processo de revitalização, excluindo os interesses e a participação dos cidadãos, sendo que são essas pessoas que utilizam das áreas centrais para morar, trabalhar e ainda ter algum tipo de divertimento, tornando-se assim, de suma importância sua participação e de todos os setores envolvidos.

A partir das idéias ressaltadas anteriormente, podemos notar que o centro de Aracaju reúne vários aspectos importantes que devem ser levados em conta nos projetos de revitalização, tais como: os culturais, os políticos, os econômicos, os sociais e ambientais. Sendo que nessas intervenções deve-se trabalhar afim de se resgatar a humanização dos antigos espaços e dos produzidos, buscar a valorização dos marcos históricos e simbólicos, resgatar antigas e produzir novas áreas para o uso do lazer, reabilitar as áreas abandonadas, restaurar o patrimônio histórico, as edificações, parques e praças, criar uma política ou leis que controle os elementos publicitários, redefinir os usos dos espaços, criar um padrão de limpeza e conservação das fachadas e edificações e reorganizar as atividades econômicas.

O processo de revitalização da área central fez com que o Centro Histórico se tornasse um roteiro turístico de Aracaju e posteriormente do Nordeste, valorizando turisticamente seu patrimônio arquitetônico, histórico e cultural. Assim o Centro Histórico de Aracaju tornou-se um dos maiores atrativos culturais da cidade e um espaço de fundamental importância para a diversificação do mercado turístico aracajuano, sendo um atrativo do segmento de turismo cultural.

Apesar de ser um dos maiores atrativos de Sergipe, este ainda não é explorado e planejado de forma que possibilite um maior aproveitamento que integre todos os equipamentos existentes no centro. Isso pode ser exemplificado de uma forma mais evidente através dos city tours pelo Centro, nesses roteiros são excluídos equipamentos, tais como as praças, monumentos, igrejas, museu, mercados, feiras de artesanato, restaurantes, entre outros.

Ademais, os resultados esperados a partir da melhor exploração dos equipamentos existentes no Centro pela atividade turística, trarão uma maior consolidação deste produto turístico para o Estado, e consequentemente dinamizando tanto a economia local quanto resgatando os valores identitários do povo sergipano.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Salienta-se que o propósito deste trabalho foi enfatizar a história do bairro desde a sua fundação e a relação intrínseca que estabelece com a história de Aracaju. Como também sua contribuição para o crescimento da cidade, as práticas culturais, as relações sociais e comerciais, mostrando como foi o processo de revitalização do bairro, fazendo analogia ao processo de construção e consolidação de outros espaços centrais.

Na atualidade ainda podem-se observar traços do passado, escondidos atrás de propagandas e fachadas de lojas, que ocupam o lugar das primeiras edificações residenciais, cedendo seu lugar para o comércio que se transformou num tipo de “Shopping Popular”. A região do centro histórico de Aracaju, que poderia coexistir com as antigas estruturas sem precisar extingui-las, não consegue ter um diálogo de coerência com o passado. Apagando as marcas de uma trajetória de muita significação para a identidade da própria comunidade.

A má utilização dos recursos públicos, não aproveitando de forma adequada os equipamentos urbanos existentes no Centro, deve ser uma preocupação do poder público, poder privado, e comunidade, para que a desvalorização do bairro culturalmente e como um espaço de lazer não venha a provocar fatores de perda de identidade e/ou degradação do patrimônio. Assim, devemos pensar em políticas urbanas e de ordenamento espacial que dinamizem e que tragam vida novamente ao Centro.

REFERÊNCIAS

CABRAL, Mário. Roteiro de Aracaju: Guia sentimental da cidade. Editora Regina, Aracaju, 1948.

FERRARA, Lucrecia D’Alessio. Ver a cidade: cidade, imagem e leitura. São Paulo: Nobel. 1988, p. 03.

LIMA, Elaine Ferreira. Etnografias do Cotidiano: “revitalização” e (re) invenção do Centro Histórico de Aracaju. Disponível em. Acesso em 12 de outubro de 2009.

LIMA, Sidney M. de. Paisagens da História: formação e ressurgimento do Mercado Central na imagem simbólica de Aracaju. Monografia de Conclusão de Curso – História Licenciatura. Universidade Federal de Sergipe. São Cristóvão, 2004.

LEITE, Rogerio P. Contra-usos da Cidade: Lugares e Espaço Público na Experiência Urbana Contemporânea. UNICAMP / UFS: Campinas / São Cristóvão, 2004.

MELINS, Murilo. Aracaju Romântica que vi e vivi. 3ª ed - Aracaju: Unit, 2007.

MINAMI, Isaao. Paisagem urbana de São Paulo. Publicidade externa e poluição visual. 1998. p.129.

PESAVENTO, S. J. Exposições universais: espetáculos da modernidade no século XIX. São Paulo: Hucitec, 1997.

SILVEIRA, Tatiana Sobral da Silva. (Estudos sobre as centralidades urbanas esvaziamento, edifícios desativados e subutilizados no Centro de Aracaju) In: Aracaju: 150 anos de vida urbana. FALCON, M. L. O. ; FRANÇA, V. L. A. Aracaju, PMA/SEPLAN. 2005. P. 223-235.

VILAR, José Welligton Carvalho. Evolução da paisagem urbana do Centro de Aracaju. Editora São Cristóvão, Departamento de Geografia da UFS, 2006, p. 45-67.

*Artigo publicado no ENTBL- Rio-Niterói, 2010

CENTRO HISTÓRICO DE ARACAJU: REVITALIZAÇÃO URBANA E SEUS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS SOB A ÓTICA TURÍSTICA E DE LAZER.

Geane Almeida Conceição

Universidade Federal de Sergipe

E-mail: geane_jere@hotmail.com

Gracyanne Moura Brito

Universidade Federal de Sergipe

E-mail: grace_moura90@hotmail.com

Maria Gleciane Rolino dos Santos

Universidade Federal de Sergipe

E-mail: gleiciane.rds@hotmail.com

Rafaelle Camilla dos Santos Pinheiro

Universidade Federal de Sergipe

E-mail: rafaele.16@hotmail.com

Sheila Martins da Paixão

Universidade Federal de Sergipe

E-mail: sheilamartinspaixao@hotmail.com

RESUMO

No processo de compreensão sobre as constantes transformações sofridas pela cidade de Aracaju, é importante observar a trajetória do bairro Centro, que estabelece relação intrínseca com a implantação da cidade e sua formação, que está intimamente ligada ao cenário político-administrativo e econômico do Estado. A fase de crescimento espontâneo e acelerado da urbanização, desde sua formação até os dias atuais, fez com que este espaço de incontestável valor cultural sofresse modificações que lhe causaram impactos socioambientais e modificaram os elos de identidade e de usos entre o cidadão de Aracaju e seu Centro Histórico. Para minimizar esses impactos, e seguindo a tendência da maioria das grandes cidades, Aracaju implementou uma política de revitalização física e revalorização do patrimônio histórico da sua área central. Tais políticas não alcançaram os objetivos de tornar o Centro um ambiente de lazer que aliasse cultura e entretenimento. No entanto o tornou um dos grandes atrativos turísticos de Sergipe. O presente artigo tem como objetivo apresentar a formação, usos e desusos dados ao Centro Histórico pelos aracajuanos, a sua política de revitalização e os impactos socioambientais decorrentes das mesmas, e como a área central pode e já é apropriada pelo turismo. A fim de atingir os objetivos propostos, adotamos como procedimentos metodológicos a pesquisa bibliográfica e o trabalho de campo, com visitas ao Centro Histórico da cidade de Aracaju, onde foi possível observar que a área central, apesar de ser dotada de equipamentos urbanos, sofre devido a falta de políticas urbanas que busquem minimizar os impactos sociais sofridos pelo centro, como sua desvalorização imobiliária, o esvaziamento, a degradação e a perda de identidade. Sendo o Centro um espaço de significação para a identidade da própria comunidade é importante que sejam elaboradas políticas de ordenamento espacial que o revitalizem socialmente, para que a identidade da comunidade não seja esquecida.

Palavras-chave: Centro Histórico de Aracaju. Impactos Socioambientais. Revitalização

Turismo e Impactos Socioambientais.


Resumo de artigo publicado pelas acadêmicas do curso de Bacharelado em Turismo da Universidade Federal de Sergipe.